Ecstasy
Ecstasy

A 3-4 metilenodioximetanfetamina, conhecida como “ecstasy”, é uma droga psicotrópica estimulante sintética, produzida em laboratórios clandestinos. Seu uso é bastante difundido nos Estados Unidos e na Europa e, nos últimos 5 anos o uso no Brasil vem crescendo de forma bastante acelerada, tornando-se uma das principais drogas consumidas pelas classes médias, médias-altas e altas.

O ecstasy é comercializado na forma de comprimidos ou cápsulas. É corriqueiro o consumo de várias doses em uma só seção de abuso. Sua via de administração mais comum é a oral (ingerida), mas a droga também pode ser macerada e aspirada. Vale ressaltar que a facilidade na forma de consumo do ecstasy é ser um fator importante para sua popularização.

Enquanto as outras drogas ilegais tradicionais (com exceção do LSD) exigem um lugar reservado e, por vezes, um kit para confecção e consumo, o ecstasy pode ser consumido com muita discrição em qualquer lugar e não exige nenhuma preparação. Além disso a forma de comprimidos o torna menos agressivo para um consumidor iniciante, que poderia ser avesso a outras formas de consumo de drogas tal como aspirar cocaína ou fumar maconha. O ecstasy tem um marketing próprio que vai desde o nome que remete a uma experiência prazerosa até a apresentação em comprimidos com relevos com apelos publicitários e denominações como a “droga do amor”.

História do Ecstasy

O ecstasy foi patenteado em 1914 pelo laboratório Merck, na Alemanha em sua forma mais comum, o MDMA. O MDMA foi testado inicialmente como moderador do apetite mas, devido a seus efeitos colaterais, foi pouco utilizado e nunca comercializado, ficando esquecido e sem uso por décadas.

Em 1965, o bioquímico norteamericano Alexander Shulgin relatou ter produzido e consumido MDMA em seu laboratório, tendo descrito o efeito como prazeroso. Contudo, o bioquímico só voltou a se interessar pela droga no começo dos anos 70, quando tomou conhecimento de relatos de outros pesquisadores muito entusiasmados com o uso terapêutico do MDMA.

A comunidade científica só veio a ser formalmente informada sobre o MDMA em 1978, através de uma publicação de Shulgin e Nichols, a qual sugere que a droga poderia ser utilizada como auxiliar psicoterapêutico, principalmente em casos de stress pós-traumático. Atualmente, o uso de drogas psicotrópicas alucinógenas como auxiliar psicoterapêutico é um episódio quase esquecido na história da psiquiatria e da psicologia.

Uso do Ecstasy na medicina

Hoje as drogas são utilizadas exclusivamente como tratamento químico, para aliviar ou curar sintomas. Entretanto, nas décadas de 50 e 60, foram descritas inúmeras experiências bem sucedidas tendo o LSD como catalisador do processo terapêutico.

Tais experiências não puderam prosseguir depois que essa droga passou a ser considerada ilegal a exemplo do que viria a acontecer com o MDMA. A utilização do MDMA como facilitador do tratamento terapêutico data do início dos anos 70 e apresentava vantagens sobre seu antecessor, o LSD, pois não provocava mudanças perceptivas nem emocionais tão intensas, seus efeitos tinham duração mais curta e não haviam sido relatados flashbacks, “más viagens” nem reações psicóticas em doses terapêuticas e em contextos controlados.

Era utilizada como favorecedora da aliança terapêutica com o profissional na medida que aumentava a empatia, a confiança no terapeuta e a autoconfiança, convidando à auto-análise e favorecendo o insight.

Os primeiros psicoterapeutas a utilizar a MDMA perceberam sua potencialidade recreativa e conseqüente possibilidade de abuso e ilegalidade. Fizeram, então, um acordo, de desenvolver pesquisas informais sem chamar a atenção do público para a droga. Conseguiram fazê-lo durante um certo tempo, e o período entre 1977 e 1984 é considerado a “época de ouro” da pesquisa terapêutica com o MDMA.

Uso terapêutico para drogas recreativas

Em 1984, final da “época de ouro”, o MDMA não só era utilizado como auxiliar terapêutico, mas também estava sendo amplamente utilizada pelos jovens norte-americanos como droga recreativa. Uma pesquisa realizada em 1986 na Universidade de Tulane, Estados Unidos, constatou que 15% dos estudantes haviam experimentado ecstasy pelo menos uma vez na vida. Em outra pesquisa, realizada também em 1986, na Universidade de Stanford, Estados Unidos, 39% dos estudantes declararam ter consumido ecstasy pelo menos uma vez na vida.

Nessa época, a MDMA já era denominada estasy, valendo ressaltar o forte apelo mercadológico do nome, e era vendido livremente em bares e festas; Esse uso público, livre e crescente chamou a atenção da imprensa que, em 1985, publicou matérias de capa em várias revistas, como Newsweek, Time e Life.

A visibilidade na mídia atraiu mais adeptos e disseminou o uso antes restrito a determinadas cidades norte-americanas. Além disso, também em 1985, divulgou-se que o uso de uma outra droga sintética, chamada China white, sintetizada com o intuito de substituir a heroína, causara graves danos cerebrais em usuários.

Comentando o fato, os meios de comunicação sugeriram que o ecstasy seria uma droga similar à China white (algo que não é verdadeiro) o que o transformou em neurotóxico potencial e, portanto, em problema de saúde pública. Por fim, foi publicado um relatório no qual eram apresentadas evidências de danos cerebrais causados pela MDA (metilenodioxianfetamina), droga análoga à MDMA, em ratos. Assim, a popularização do uso de MDM

Ecstasy se popularizou nas grandes festas de música eletrônica

A publicidade nos meios de comunicação, o incidente China white e a publicação do artigo sobre o potencial neurotóxico de seu análogo MDA encerraram a fase de uso legal de ecstasy. Em maio de 1985, a agência de controle de drogas (Drug Enforcement Administration, DEA) dos Estados Unidos declarou o MDMA na categoria 1 de substâncias controladas, que inclui drogas com alto potencial de abuso sem benefício terapêutico/médico e cujo uso é inseguro mesmo sob supervisão médica.

Na Europa, o MDMA sempre foi ilegal. Seu consumo foi introduzido com fins espirituais por discípulos de Bhagwan Rajneesh, em meados da década de 80. Contudo, foi a partir de um evento musical acontecido em Ibiza, Espanha, entre 1987 e 1988, no qual muitos participantes experimentaram o MDMA, que ficou conhecido como o ´verão do amor”.

A partir daí o uso do ecstasy se popularizou na Europa na mesma época que se popularizavam as grandes festas de música eletrônica o que acabou por unir as duas novas modas, apesar de que a musica eletrônica por si só – assim como qualquer outro tipo de música – não incentiva ninguém a usar drogas. De qualquer modo o ecstasy passou, nesse momento, a ser associado a cultura dance-clubber que passou a ser acompanhada bem de perto pelas autoridades policiais européias.

A ilegalidade da MDMA não parece ter diminuído o número de usuários recreativos que, ao contrário, só tem aumentado, como demonstram vários levantamentos realizados tanto na Europa como nos Estados Unidos.

Recentemente foi aprovado o primeiro estudo contemporâneo sobre seu potencial uso terapêutico, em pesquisa que será desenvolvida na Espanha.

Uso no Brasil

As primeiras remessas significativas de ecstasy chegaram a São Paulo em 1994, vindas principalmente da Europa. Naquele momento ainda não havia tráfico de ecstasy; algumas pessoas traziam os comprimidos e os revendiam seletivamente a amigos. Assim como na Europa o ecstasy aqui também foi associado a cultura clubber. Até 1999, era citado poucas vezes, quase sempre nos cadernos de cultura, em matérias ligadas à moda ou comportamento, como signo de grupos ou tendências de vanguarda, sem informações sobre a droga.

Atualmente, o ecstasy é cada vez mais citado nas páginas policiais, com notícias de um crescente número de prisões e apreensões. Em setembro de 2000 foi noticiada a descoberta do primeiro laboratório de ecstasy em São Paulo; Estima-se hoje que mais da metade no ecstasy consumido no país seja de produção nacional, em pequenos laboratórios urbanos.

Classificação e composição química

O MDMA é uma das poucas drogas com dupla classificação: situa-se entre os estimulantes e os alucinógenos, sendo por vezes classificada como uma anfetamina alucinógena.

A MDMA é produzida sinteticamente em laboratório a partir de metanfetamina, que por sua vez pode ser produzido a partir de fármacosa encontrados legalmente no Brasil e no mundo.

Dada sua ilegalidade e seu alto valor de venda, o ecstasy é freqüentemente falsificado e nem todos os comprimidos vendidos e consumidos como êxtase necessariamente contém MDMA ou MDA.

Isso faz com que às vezes testes de drogas como os de nossa empresa não detectem o consumo de MDMA ou MDA, apesar dos doadores das amostras de cabelo ou pêlos terem feito o uso de algum psicotrópico em forma de comprimidos. Existe até mesmo uma ONG americana, que publica regularmente a composição dos comprimidos vendidos nas ruas como forma a reduzir os danos dos usuários da droga uma vez que são freqüentemente encontrados componentes ainda mais perigosos do que os próprios MDMA e MDA. Esta listagem pode ser conferida em aqui.

Os tipos de ecstasy ganham apelidos conforme a cor e o desenho impresso nos comprimidos e sua popularidade e preço variam de acordo com os efeitos produzidos e esta popularidade.

As outras drogas mais freqüentemente associadas à MDMA nos comprimidos de êxtase foram: metilenodioxietanfetamina (MDEA, análogo sintético da MDMA) – detectada pela nosso teste -, metanfetamina – detectada pela nosso teste -, anfetamina – detectada pela nosso teste -, ou ketamina.

Efeitos do ecstasy

Efeitos do Ecstasy
Efeitos do Ecstasy

Os efeitos da MDMA se fazem sentir aproximadamente 20 minutos após a ingestão do comprimido e permanecem por 4 a 8 horas e estão relacionados com o brutal aumento da liberação do neurotransmissor seretonina no cérebro.

Outras ações neurológicas complexas são observados durante o efeito do ecstasy no cérebro, porém este assunto foge do objetivo principal deste documento.

Os efeitos no usuário são descritos na maioria das vezes como prazerosos e muito estimulantes, como são normalmente todos os anfetamínicos e adicionalmente excitantes no campo sexual. Parece que usuários recentes têm uma predisposição maior aos efeitos alucinógenos, principalmente alterações visuais e sonoros enquanto que usuários mais experientes relatam apenas os efeitos estimulantes.

Também são apontados efeitos desagradáveis, quase sempre relatados como uma super estimulação; Os efeitos 24 horas após a ingestão são descritos como mais negativos, tanto física quanto psicologicamente, destacando-se uma extrema depressão e tristesa, chamada as vezes de segundas-feiras negras (black mondays), pois são comumente sentidas após dois dias do consumo da droga, que, pelos motivos expostos, costuma dar-se nos fins de semana.

Toxidade e reações adversas

Embora a MDMA tenha reputação de droga segura, ou seja, que não apresenta perigo físico isso deve-se exclusivamente aos fatos marqueteiros relatados neste artigo, pois existem inúmeros relatos de reações adversas severas e algumas mortes relacionadas à sua ingestão. Cada vez mais pesquisadores afirmam que o MDMA deixa seqüelas severas em seres humanos principalmente no campo neurológico.

São muito freqüentes episódios de perda parcial da capacidade de aprendizado, concentração e memória. Atualmente na Europa e nos EUA são observados casos de usuários crônicos e de longa data que apresentam uma espécie de disfunção motora semelhante ao Mal de Parkinson em suas formas mais leves.

Cabe salientar que existem alguns pesquisadores que afirmam que o MDMA é uma droga não tão neurotóxica e atribuem os casos relatados a dois perigos adicionais relativos ao consumo do MDMA.

Um deles é a incerteza da composição dos comprimidos. O outro é a mistura que freqüentemente os usuários fazem com outras drogas, como outros estimulantes. Não há dúvida de que essas duas questões estão diretamente relacionadas ao aumento do potencial de perigo, toxicidade e risco de efeitos adversos agudos relacionados ao consumo desta droga, mas nos parece mais do que comprovado a grande toxidade do MDMA e do MDA.

Relatos de reações adversas do ecstasy

Existem muitos relatos de aumento da temperatura corporal e perda excessiva de água relacionados com o consumo de ecstasy, mas ainda não está bem claro se este aumento é decorrente exclusivamente do consumo da droga ou da combinação de fatores ambientais (clubs ou festas fechadas e atividade física com dança).

Até aonde se sabe o ecstasy não causa dependência física, somente psicológica. O MDMA parece ser uma droga moderadamente aditiva; Enquanto alguns usuários experimentam uma forte tendência a usar a droga repetidamente, principalmente nas ocasiões nas quais o ambiente lembra episódios anteriores e prazerosos do uso da substância outros não experimentam o mesmo. Um experimento realizado com babuínos mostrou que a MDMA age como reforçador, resultado que confirma seu potencial de abuso.

O desenvolvimento da tolerância decorrente do uso freqüente de MDMA não se dá de forma homogênea para todos os sintomas. Com o uso habitual, a intensidade dos efeitos colaterais indesejáveis, tais como inapetência, trismo, náusea, dores musculares, ataxia, sudorese, taquicardia, fadiga e insônia aumentam, enquanto diminuem os efeitos subjetivos prazerosos, como melhora do humor e alucinações. Por isso, é comum os usuários fazerem pausas de abstinência, retomando o uso após algumas semanas, a fim de recuperar os efeitos positivos anteriores ao estabelecimento de tolerância.

Conclusão

Definitivamente o ecstasy é uma droga diferente. É de fácil sintetização o que torna a produção descentralizada e de difícil combate; Tem uma forma de ingestão fácil e discreta; Possui um grande apelo de marketing e goza de uma falsa fama de droga segura. O preço da droga vem caindo e é de se esperar uma popularização dos preços e de seu consumo. Existem indicativos de ser uma droga extremamente neurotóxica, apesar de haver controvérsias a respeito.

Por tudo isso é necessário que a sociedade se preocupe com o ecstasy e o combata em todas as frentes, principalmente com a educação e o controle do abuso por partes de jovens.

É importante também manter usuários e ex-usuários informados e conscientes das graves conseqüências que esta droga pode acarretar a longo prazo como maneira de tentar prevenir recaídas. Sugerimos sempre a busca de profissionais na orientação de usuários e suas famílias.

Redução de danos

Nós acreditamos que a melhor atitude em relação as drogas é de não usá-las; No entanto sempre existirão pessoas dispostas a pagar o preço pelo abuso das drogas; Recentemente muitos especialistas em drogas optam por divulgar uma política de redução de danos, para esclarecimento dessas pessoas. Apesar dessa ser uma matéria bastante controversa nós optamos de transcrever neste espaço estas ações, sem no entanto deixar muito claro que qualquer droga cobra um preço pelo seu uso.

Transcrição das políticas de redução de danos para usuários de ecstasy

“A proibição, a punição e a discriminação nunca foram efetivas para o desencorajamento daqueles que escolhem usar determinada droga, o que pode ser evidenciado através de exemplos históricos como a Lei Seca nos Estados Unidos. Assim, de acordo com a estratégia da redução de dano, é importante a divulgação de informações de segurança para aqueles que utilizam ou venham a utilizar ecstasy:

  • manter-se hidratado ingerindo não apenas água, mas também sucos de frutas ou bebidas que possam repor as perdas eletrolíticas, bebidas com açúcar ou sais minerais;
  • fazer um intervalo de pelo menos 6 horas entre o consumo de comprimidos de ecstasy;
  • quando em atividade física, na pista de dança, por exemplo, ausentar- se do local algumas vezes durante a noite para relaxar. A maioria dos clubes têm, atualmente, um lugar para relaxamento, onde a música é mais baixa e há ventilação e lugares confortáveis para sentar e descansar;
  • contar a um acompanhante exatamente que drogas foram usadas, pois se houver necessidade de auxílio médico em pronto-socorro, essas informações serão muito importantes para uma intervenção clínica adequada;
  • se possível, indagar sobre os efeitos do comprimido que será utilizado a quem já o utilizou, já que a composição do comprimido é sempre incerta e pode ter efeitos imprevisíveis;
  • evitar ao máximo a mistura de ecstasy com outras drogas psicotrópicas, em especial álcool, solventes voláteis, anfetaminas, cocaína e crack;
  • não utilizar ecstasy como medicação para a depressão usualmente posterior ao uso da droga;
  • fazer intervalos entre episódios de consumo, pois quanto maiores os intervalos, menor a possibilidade de problemas advindos do uso.

Ter em mente sempre que ainda há lacunas sobre o mecanismo de ação da MDMA, sobre a interação da MDMA com outras substâncias, sobre os motivos das diferenças nas reações individuais à droga e sobre as conseqüências do uso em longo prazo. Mas que tudo indica que a droga pode levar a conseqüências neurológicas perigosas e por vezes irreversíveis.”

Ecstasy

  • Facilidade de obtenção
  • Custo
  • Resistência social
  • Potencial de adicção
  • Neurotoxidade
  • Hepatotoxidade

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Nota importante:
Estes gráficos, assim como as opiniões aqui transcritas são baseadas em informações compiladas do NIDA – National Institute of Drug Abuse – USA e da livre interpretação dos autores do conteúdo deste site. Os autores procuraram se ater exclusivamente a fatos científicos e observações sociais, sem nenhum julgamento moral sobre o assunto. As drogas em geral são um assunto muito complexo, e não devem ser interpretados sob uma única ótica; Assim sendo outras opiniões são perfeitamente plausíveis.

O texto aqui apresentado é meramente informativo e a Toxicologia Pardini é uma empresa de exames para detecção de consumo de drogas que se abstêm a tomar uma posição a respeito das drogas e seus efeitos, deixando isso com os vários especialistas e suas correntes interpretativas dessa complexa questão.