Maconha
Maconha

A maconha é a droga ilícita mais usada no Brasil e no mundo; Esta droga é utilizada há milênios em todo o mundo e merece especial atenção em qualquer tratado sobre os psicotrópicos.

A maconha na realidade é a flor das plantas da família cannabis, que se dividem em sativa, indica e híbridas que são misturas genéticas dos dois tipos principais. A famosa folha da cannabis tão popularizada em camisetas e adesivos, vista como símbolo da droga ironicamente não possui quase nenhum teor dos princípios ativos, como veremos mais adiante.

A maconha é geralmente consumida na forma de cigarros, mas pode também ser fumada em cachimbos e garguilés (cachimbos resfriados com água). Em alguns países, mas não no Brasil, é normal também se misturar a maconha com tabaco.

Outras formas de consumir a droga menos comuns no Brasil são pela ingestão, geralmente em doces ou bolos, o que proporciona efeitos mais duradouros e profundos, porém demanda uma quantidade maior da droga.

A maconha tem vários subprodutos, como o haxixe, que é a resina da maconha. Este óleo é obtido através do extrato de maconha, com vários componentes purificados e maconhas advindas de cannabis selecionadas geneticamente e cultivadas sob condições especiais, com concentração até 20 vezes mais altas de seus princípios ativos. As chamadas supermaconhas, também conhecidas como Skunk.

Efeitos da maconha no organismo

O efeito aparece alguns minutos após o início do consumo e, usualmente prossegue por algumas horas. Como muitas outras drogas a maconha tem um efeito de tolerância progressiva, mas com uma característica interessante: Em determinado momento os cannabinóides não fazem mais efeito, mesmo se consumidos em grandes quantidades, o que leva usuários – muitas vezes sem perceber – a controlar seu consumo de maneira a equilibrarem os efeitos agradáveis com a vontade de senti-los. Consumidores mais pesados de maconha não ultrapassam 3 a 4 cigarros por dia sem perder o efeito da droga e logo diminuem seu consumo a um ponto de equilíbrio.

A maconha é uma droga de efeitos complexos, tanto socialmente como neurologicamente, e, apesar de ser a mais estudada droga ilícita, a maconha desperta apaixonados defensores e virulentos inimigos, tanto no campo científico como no campo político.

Mas uma coisa é certa, se alguns conseguem usar a droga sem grandes efeitos negativos, só o fato de outros terem sérios problemas com ela já justificaria um extremo cuidado com esta droga. Nos últimos 10 anos a popularização das supermaconhas levou a discussão e as preocupações em torno dessa droga a outros patamares.

Os efeitos da maconha na capacidade de aprendizagem, na atenção, na memória e no comportamento social

Segundo estudos recentes, possuímos em nosso cérebro determinados receptores nos quais se “encaixam” perfeitamente os cannabinóides; Estes receptores se ligam originalmente a uma molécula chamada de anandamida. O papel exato desses receptores e da molécula anandamida ainda não está suficientemente explicado e é bastante complexo; Possui funções ligadas ao controle da dor, da memória, da organização de pensamentos e do sistema imunológico.

Pode-se dizer que o mecanismo de funcionamento da maconha no cérebro é muitas vezes mais complexo do que de outras drogas como a cocaína e as anfetaminas.

A maconha leva o usuário a uma desconexão com o passado recente e a uma dificuldade no mantenimento de uma linha clara de raciocínio; Porém essa falta de uma linha clara de raciocínio leva também a uma propensão a uma associação mais livre de idéias, o que é por muitos apontada como um aumento momentâneo da criatividade.

De fato, parece que pessoas mais criativas são aquelas que possuem uma capacidade de desconexão com o pensamento puramente lógico; O problema é que essa desconexão induzida pelos cannabinóides tem um preço, como logo trataremos.

O usuário de maconha, quando sob efeito da droga, muda seu jeito de ver as coisas ao seu redor, muitas vezes de maneira – a seus olhos – fascinante e engraçada. Essa associação também pode em alguns usuários despertar um desejo, complexo de ser explicado, de enfrentamento com a ordem estabelecida; Não por rebeldia, mas por um impulso de experimentar o novo.

Maconha e a síndrome letárgica

O fato é que o consumo contínuo de maconha muitas vezes leva os usuários a um estagio de letargia, improdutividade, sonho, às vezes denominado síndrome letárgica. A síndrome letárgica é acompanhada da diminuição da capacidade de aprender e da memória de curto prazo.

Muitas pesquisas científicas demonstram claramente que a maconha têm grande potencial de causar problemas na vida cotidiana de usuários, apesar de parecer claro que a maconha não possui grande capacidade de prejuízos neurológicos graves ou permanentes. Os motivos de como isso acontece são muitos e complexos, pois envolvem mudanças sutis em áreas bastante complexas de nosso cérebro com conseqüências psicossociais por vezes desastrosas; Por exemplo:

A diminuição da habilidade de aprender e da memória de curto prazo causa impactos sociais diferentes nas pessoas, de maneira bastante subjetiva. Para um estudante secundário, o consumo de maconha muitas vezes leva a uma queda de rendimento escolar e do aprendizado, que pode acarretar em uma vida menos promissora no futuro;

Já para um universitário, a letargia que a maconha acarreta em muitos usuários pode comprometer sua capacidade e motivação a continuar estudando; De fato pesquisas realizadas nos EUA e Europa comprovam que usuários freqüentes de maconha (0,5 ou mais cigarros de maconha por dia) têm rendimento escolar muito abaixo de não usuários, com diminuição crítica de suas notas e com impacto negativo no seu nível intelectual.

Como os efeitos negativos da maconha são subjetivos – porém sérios – muitos usuários adultos usam maconha há anos e isso aumenta o impacto social por acumulação de problemas psicossociais decorrentes do abuso da droga. Muitos observadores associam adultos usuários de maconha como “sonhadores” e pouco produtivos; Por vezes são descritos como irresponsáveis.

Isso não é uma regra; Existem usuários de maconha que convivem perfeitamente com seus efeitos – já descritos aqui como complexos – e até conseguem tirar proveito positivo deles, porém para a grande maioria o abuso da droga é bastante problemático.

Outros efeitos negativos da maconha no corpo humano

A maconha também possui efeitos negativos sobre o pulmão. Muito embora seus defensores apregoem de que um fumante “pesado” de maconha fuma entre um e quatro cigarros por dia versus vinte a sessenta cigarros de um fumante crônico de tabaco, um mal não pode justificar o outro e, além disso, um cigarro de maconha é muitas vezes mais prejudicial aos pulmões do que um cigarro de tabaco. A isso a indústria que órbita em torno da maconha respondeu desenvolvendo equipamentos que vaporizam apenas os princípios ativos da droga, sem fumaça.

Parece que o uso de maconha por pessoas com disposição a problemas como depressão, psicoses, ou outros distúrbios psiquiátricos incrementam muito o aparecimento de sintomas destas doenças.

Existem evidências pouco convincentes de que a maconha pode afetar o sistema imunológico de maneira significativa e a mobilidade dos espermatozóides, o que nos parece insignificantes perante o grande prejuízo da maconha, que são os efeitos psicossociais.

Prejuízos permanentes ou passageiros? A questão dos danos acarretados pela maconha

Segundo muitas pesquisas sérias, a maconha não danifica permanentemente o cérebro – embora hajam controvérsias a respeito – Mas assumimos o lado dos que defendem que realmente a maconha tem efeitos reversíveis no sistema neurológico.

Deve-se, no entanto, tomar muito cuidado com esta afirmação; A maconha é lipossolúvel, ou seja, se acumula em tecidos gordurosos. Isso faz com que os cannabinóides permaneçam por longos períodos no consumidor, por vezes meses, em concentrações pequenas porém que mantém efeitos sutis no cérebro, que é muito gorduroso. Isso faz com que o usuário freqüente experimente efeitos como a desatenção e a perda de capacidade da memória de curto prazo por períodos mais prolongados, mesmo sem fazer usa da droga.

Como já foi dito, a maconha é socialmente aceita e os usuários costumam utilizá-la por muitos anos e os prejuízos de aprendizado em idade escolar ou de formação de personalidade são permanentes. O estigma de “largadão” ou “irresponsável” pode muitas vezes acarretar prejuízos psicológicos de longo prazo. Portanto se é verdade que a maconha não afeta permanentemente o cérebro o mesmo não se pode dizer da vida do usuário.

Muitas pesquisas realizadas pelos mesmos institutos que desassociaram a maconha de prejuízos permanentes ao cérebro parecem comprovar que usuários de maconha são freqüentemente menos bem sucedidos em suas vidas do que sua potencialidade poderia proporcionar.

O fator potência – Skunk, a supermaconha

Skunk
Skunk

Nos anos 70, a maconha foi legalizada na Holanda, postura condizente com a tradição liberal deste país e da qual não nos cabe aqui nos aprofundar; Com a legalização, surgiram pequenas empresas que utilizando-se dos conhecimento seculares dos holandeses, em cruzamentos e seleção genéticas de plantas sexuadas, foram com o passar dos anos aprimorando a qualidade da droga através de uma gradativa seleção genética, que por sua vez acarretou em espécies de maconha com concentrações de THC até 30 vezes maior do que as fumadas nos anos 60/70.

Estas empresas colocam a venda sementes de maconhas híbridas com diferentes potências e combinações de cannabinóides e, conseqüentemente, com diferentes efeitos psicotrópicos.

Assim nos últimos 30 anos se popularizou o cultivo dessas supermaconhas em pequenas estufas, para consumo próprio ou não. Essas sementes se popularizaram, sendo inclusive vendidas livremente pela Internet. De fato a Internet popularizou mundialmente a oferta e as informações necessárias para o cultivo das supermaconhas, também chamadas de skunk.

A supermaconha que se pode encontrar hoje, no Brasil, é uma droga poderosa, que pode acarretar problemas psicossociais muito mais facilmente que a maconha normal, que por sua vez já é perigosa. O Skunk, no tamanho parecido de um cigarro (0,5g) pode custar de R$ 10,00 até R$ 40,00 (janeiro de 2005) e o cultivo é descentralizado, realizado muitas vezes em pequenos espaços a exemplo do que verificamos recentemente com a síntese de algumas outras drogas, como o ecstasy e as metanfetaminas.

Nos últimos anos os noticiários vem acompanhando um número crescente de desmantelamentos de estufas de supermaconhas, algumas vezes até mesmo dentro de campus universitários e apartamentos. Isso é mais um sinal do quanto está popularizada a supermaconha; Um mau sinal.

Maconha

  • Facilidade de obtenção
  • Custo
  • Resistência social
  • Potencial de adicção
  • Neurotoxidade
  • Hepatotoxidade

Skunk

  • Facilidade de obtenção
  • Custo
  • Resistência social
  • Potencial de adicção
  • Neurotoxidade
  • Hepatotoxidade

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Nota importante:
Estes gráficos, assim como as opiniões aqui transcritas são baseadas em informações compiladas do NIDA – National Institute of Drug Abuse – USA e da livre interpretação dos autores do conteúdo deste site. Os autores procuraram se ater exclusivamente a fatos científicos e observações sociais, sem nenhum julgamento moral sobre o assunto. As drogas em geral são um assunto muito complexo, e não devem ser interpretados sob uma única ótica; Assim sendo outras opiniões são perfeitamente plausíveis.

O texto aqui apresentado é meramente informativo e a Toxicologia Pardini é uma empresa de exames para detecção de consumo de drogas que se abstêm a tomar uma posição a respeito das drogas e seus efeitos, deixando isso com os vários especialistas e suas correntes interpretativas dessa complexa questão.