Sou mãe de 2 filhos jovens, uma menina de 17 anos e um rapaz de 19. Temos um bom poder aquisitivo e nunca nos faltou nada, meu marido e eu temos uma relação estável, num casamento que já dura 25 anos. Nossa relação com os filhos sempre foi de muito diálogo e de muita compreensão, o que sempre me deu a segurança de que não enfrentaria problemas com drogas, coisa esta que sempre me passou a impressão de ser fruto de disfuncionalidades familiares quaisquer.

Bom, já vinha notando muita diferença no comportamento de minha filha, estava mais aérea, por vezes agressiva, e pequenas mentiras que peguei sem querer. Atribuí á adolescência, uma fase confusa quando não se sabe se é adulto ou criança, afinal todos já passamos por isso e sabemos que realmente não é coisa fácil.

Certo dia estava de conversa com uma vizinha com quem temos amizade desde o início de meu casamento e que acompanhou o crescimento de meus filhos, e queixava-me da M. quando essa amiga perguntou-me se eu tinha certeza de que ela não estaria envolvida com drogas. Foi a primeira vez que essa dúvida foi plantada em minha mente, e posso afirmar que não a recebi de bom grado, senti-me ofendida e humilhada, afinal pq meus filhos estariam usando drogas se tinham de tudo e uma família que dialogava e era compreensiva?

Esquivei-me cada vez mais desta amiga, mas a sementinha da dúvida estava plantada no meu íntimo.

Comecei mesmo sem aceitar a idéia, a duvidar de minha filha, a prestar mais atenção aos seus horários, aos seus compromissos, ás suas companhias e percebi que a dúvida jamais me abandonaria, mesmo pq algo estava errado com ela e eu não sabia o q era. Comecei então a perguntar, e sempre ouvi dela as mais firmes negativas em relação a isso, categóricas mesmo, daquelas que não deixam dúvidas.

Procurei então todas as informações possíveis sobre o assunto, pois eu sou absolutamente leiga no assunto já que nunca fiz uso de qualquer droga. E as informações e conselhos foram tantos que deram um verdadeiro nó em minha cabeça. Até que me deparei com este site.

A princípio achei a idéia bastante agressiva, afinal testar meus filhos não me parecia a solução mais didática a seguir, afinal onde parariam todos os conselhos da psicologia moderna que indicam a privacidade e a confiança como os maiores aliados da educação moderna ?

Mas acabei por convencer-me que a psicologia moderna não estaria ali, caso eu perdesse minha filha para as drogas.

Enfrentei então outro dilema, que foi de como contar a meus filhos que estava tomando essa atitude, sendo que eles não me deram motivos (realmente sérios) para isso.

Minha coragem não bastou para tanto, e decidi fazer a coleta sem que eles soubessem. Da minha filha foi tarefa fácil, pois eu mesma corto seu cabelo desde pequena, e pude fazer a coleta sem que ela soubesse. Meu marido conseguiu as do nosso menino no barbeiro. Segui as instruções corretas do teste e enviei para a psychemedics.

Dias depois veio a triste surpresa, minha filha era usuária de maconha, e meu filho (de quem jamais desconfiei de nada) era usuário de maconha, cocaína e ecstasy. Assim meu mundo caiu.

Depois do choque, procuramos um terapeuta de família, contamos tudo a ele, e juntos contamos a nossos filhos, hoje em tratamento para dependência, freqüentando grupos de narcóticos anônimos e nós, eu e meu marido, grupos de apoio a familiares de usuários de drogas.

Eles serão testados mensalmente e já sabem disso, e nós estamos, com a ajuda da terapia em grupo aprendendo a crer que o uso de drogas por nossos filhos, não é uma “culpa” nossa, aprendemos também que a dependência é uma doença, progressiva e que mata, e assim paramos de culpá-los e tentamos hoje ajudá-los.

Estamos no início de uma longa estrada, mas não me esqueço que só pude detectar este pesadelo através deste teste, e por isso me dispus a escrever hoje essa carta, em agradecimento à Psychemedics, mas também em apoio a outros pais que possam estar passando o que já passei.

Atenciosamente,

M.K.M – Vitória – ES